sexta-feira, 8 de março de 2013

Lo-Li-Ta (1997)

"She was Lo, plain Lo in the morning. Standing four feet ten in one sock. She was Lola in slacks. She was Dolly at school. She was Dolores on the dotted line. But in my arms she was always… Lolita. Light of my life. Fire of my loins. My sin, my soul. Lo-lee-ta…" Para muitos, resquícios de pedofilia. Para outros, exploração da verdadeira beleza que o filme possue. Mas, na verdade, qual seria a verdadeira beleza do filme? Onde o vilão, na verdade, pode ser considerado a vítima? 
Desde que conheço 'Lolita', considero-a uma história fascinante. Assisti a adaptação do Adrian Lyne recentemente (De 1997) e achei o trabalho sensacional. O início do filme, na verdade, não é exatamente o início. É consideravelmente "o final", onde Humbert, com todos os seus sentimentos pela Dolores Haze, diz a frase que está logo no início do post. Em seguida, o filme volta ao "normal", o que nos permite descobrir aos poucos como começou a história entre o professor Humbert e a ninfeta Lolita. 

A versão do Kubrick (De 1962) driblou as censuras da época e foi possível conotações sexuais de forma sutil. Porém, em 1997, Adrian também realizou a sua versão. As cenas de sexo não eram sutis como na versão de Kubrick, eram bem mais explícitas, fazendo com que o filme ganhe uma atmosférica mais poética. Uma outra coisa que podemos perceber é que o roteiro é mais original seguindo de forma mais fiel o romance.

No livro, Dolores tem 12 anos, já no filme ela tem 14 anos. E isso foi meio que um "catalisador" para Humbert ao encontrá-la, já que, também aos 14 anos, ele teve uma paixão sem limites, onde fez com que feridas abrissem seu coração. Ao primeiro momento que o professor a encontra podemos perceber a expressividade dos sentimentos através dos seus olhos, de uma forma que você 'entra' no personagem. Foi algo bem real e que o Jeremy Irons realmente interpretou bem.

Lolita meio que quebra o estereótipo de "14 anos, criança, inocente e pura". Podemos perceber que ela já é bastante desenvolvida sexualmente e com vários interesses que a diferem das "verdadeiras" crianças. Logo no início, ao perceber que ele já estava loucamente apaixonado por ela, percebemos a troca de olhares entre eles, os toques, os sentimentos que ficavam no ar. Em outras palavras: Dolores Haze, aos 14 anos, usou todas as armas que uma mulher usaria pra seduzir um homem.

Aí entramos na questão: Esse homem, na verdade, é um pedófilo, um vilão e que só quer se aproveitar de uma criança. Será? Olhando superficialmente a história, sim, pensamos isso. Mas, ao assistir o filme, talvez, trocamos os papéis de quem é o Batman e quem é o Coringa. Desde o início percebemos que Dolores usava de todas as formas tentar seduzí-lo. Talvez isso seja pelo fato de ser carente afetivamente e emocionalmente, logo ela vê Humbert como seu porto seguro. Entretanto, muitas das atitudes dela faz com que, principalmente se você "entra" no personagem, se machuque. Ao ler o livro você nem a imagina tão "perversa". Como por exemplo, quando ela conta a Humbert de algumas "brincadeirinhas" que já fazia. Tão inocente e tão perversa, ao mesmo tempo.

Humbert, extremamente apaixonado, se entrega a Lolita. E, ao meu ver, isso fez com que ela o tratasse feito animal, capacho e pau-mandado. A quantidade de "I'm sorry" que ela diz a ele é incontável, mas, mesmo assim, ele continua lá, amando-a e colocando-a sempre em primeiro plano. Dolores o destroi, possivelmente aumenta a sua ferida em relação a garota que amou na adolescência, porém ele ainda a ama. As atitudes dela, durante o filme, são totalmente repugnantes e cruéis com o homem que realmente a ama.

O que mais me machucou (Sim, como eu disse, "entro no personagem"), foi o fato dela ter fugido, engravidado de outro e, mesmo assim, ligar para Humbert que, até então estava desesperado, pedindo dinheiro. Isso, com toda certeza, fez com que eu tomasse ódio dela. Foi totalmente desumano. Porém, mesmo assim, Humbert vai lá e ainda tenta mudar a opinião de Lo para que ela volte com ele. Por óbvio julgando pelas suas atitudes ao decorrer do filme, ela não voltou. Poderia contar o que acontece logo em seguida, porém acho que há alguém que não assistiu o filme ainda, então prefiro não dar mais spoilers...

O filme (Pelo ou menos o de 1997) é delicado, doce e um tanto quanto poético (mesmo a Lolita sendo uma completa filha da puta) - E essa foi a melhor definição que encontrei e que antes já tinha visto em outro local. Quem tiver a oportunidade de assistir, assista. Realmente é maravilhoso, não imagino outras pessoas além de Dominique Swain e Jeremy Irons fazendo os papéis. Foi a melhor escolha que o Adrian fez.

Nenhum comentário: