quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O velho Bukowski e algumas de suas obras

“Some people never go crazy. What truly horrible lives they must lead.” 

Logo que conheci um pouco mais sobre o tão famoso velho safado (a.k.a Bukowski), o próprio se tornou um dos meus escritores favoritos. Sei que muitos podem dizer "ah, isso é modinha e blá blá blá", mas não, não é. Acredito que, quando você conhece algo e passa a admirá-lo (O que aconteceu com o Bukowski), não significa que você está seguindo as tais modinhas e, sim que, você está meio que ampliando os seus gostos. O que eu realmente acho bacana. 

Bukowski foi um poeta, contista e romancista que nasceu na Alemanha. Suas obras são caracterizadas (inicialmente) como obscenas e estilo totalmente coloquial, coloquial, com descrições de trabalhos braçais, porres e relacionamentos baratos. Seus livros fazem o tipo no qual as pessoas conseguem se identificar.
 
 Ainda não tive o privilégio de ler todas as suas obras, ou nem ao menos as principais, somente "Mulheres", que comecei a ler recentemente. Preciso falar o quão maravilhoso esse livro é? Realmente achei que a essência "bukowskiana" é o que mais prevalece no livro, porém, como sempre dizem, quem não leu Misto Quente não leu Bukowski, logo essa é a minha próxima vontade. Entretanto, leio sempre algumas de suas citações e sempre acabo me identificando.
 
MULHERES:
"Publicado em 1978, descreve a vida deste “alcoólico - Henry Chinaski que é um escritor cinquentão - que se tornou escritor para poder ficar na cama até ao meio-dia”: as bebedeiras, as ressacas permanentes, os vómitos, as corridas de cavalo, as leituras nas universidades, as festas, as cartas de admiradoras, as esperas no aeroporto, os encontros sexuais, os dias seguintes, as rupturas, as reconciliações. Mais cerveja, mais sexo, mais mulheres."   

"Eu conhecia uma porção de mulheres. Pra que sempre mais mulheres? O que eu estava tentando fazer? Era excitante um caso novo, mas também dava um trabalhão. O primeiro beijo e a primeira trepada tinham uma certa dramaticidade. As pessoas são interessantes no início. Aos poucos, porém, todos os defeitos e louradas botam as manguinha de fora, é inevitável. Começo a significar cada vez menospras pessoas, e elas pra mim."

MISTO QUENTE:
 "O que pode ser pior do que crescer nos Estados Unidos da recessão pós-1929? Ser pobre, de origem alemã, ter muitas espinhas, um pai autoritário beirando a psicopatia, uma mãe passiva e ignorante, nenhuma namorada e, pela frente, apenas a perspectiva de servir de mão-de-obra barata em um mundo cada vez menos propício às pessoas sensíveis e problemáticas. Esta é a história de Henry Chinaski, o protagonista deste romance que é sem dúvida uma das obras mais comoventes e mais lidas de Charles Bukowski (1920-1994)."

"Eu não tinha interesses. Eu não tinha interesses por nada. Não fazia a mínima ideia de como iria escapar. Os outros, ao menos, tinham algum gosto pela vida. Pareciam entender algo queme era inacessível. Talvez eu fosse retardado. Era possível. Frequentemente me sentia inferior. Queria apenas encontrar um jeito de me afastar de todo mundo. Mas não havia lugar para ir. Suicídio? Jesus Cristo, apenas mais trabalho. Sentia que o ideal era poder dormir por uns cinco anos, mas isso eles não permitiriam."

PULP:
"Eis um Bukowski puro-sangue. Legítimo. Concluído alguns meses antes de sua morte, em março de 1994, aos 73 anos.
Não há como sair incólume desta história. A saga de Nick Belane poderia até ser igual a de tantos outros detetives de se gunda categoria que perambulam pelas largas ruas de Los Angeles. Mas aqui, mulheres inacreditáveis cruzam pernas compridas e falam aos sussurros, principalmente uma que atende pelo nome de Dona Morte. Como nos velhos livros policiais de papel vagabundo, subliteratura pura, a quem Charles Bukowski dedica solenemente Pulp."

"-(…). Eu sou boa.
-Em quê? Sabe estenografia?
-Não, mas faço coisas pequenas ficarem grandes
-Como?
-Você sabe!
-Não, não sei.
-Imagine.
-Balões?
-Você é engraçado.
-Já me disseram."


FACTÓTUM:
"Em Factótum, segundo romance de Charles Bukowski, publicado em 1975, encontramos mais uma vez Henry Chinaski, alter ego do autor, protagonista de vários dos seus livros e um dos mais célebres anti-heróis da literatura americana. Durante a Segunda Guerra Mundial, o loser Henry (que reaparece mais tarde em Misto-quente) é considerado "inapto para o serviço militar" e não consegue entrar para o exército. Assim, enquanto os Estados Unidos se unem em torno da guerra e os homens alistados são vistos como heróis, Chinaski, sem emprego, sem profissão nem perspectiva, cruza o país, arranjando bicos e trampos, fazendo de tudo um pouco – daí o nome do livro –, na tentativa de subsistir com empregos que não se interponham entre ele e seu grande amor: escrever."

"Quando voltei para Los Angeles, encontrei um hotel barato nas imediações da Hoover Street e fiquei na cama e bebi. Bebi por algum tempo, três ou quatro dias. Não conseguia achar disposição para ler os classificados. A ideia de me sentar diante de um homem e sua mesa e lhe dizer que eu queria um trabalho, que eu tinha as qualificações necessárias, era demais para mim. Francamente, eu estava horrorizado diante da vida, o que um homem precisava fazer para comer, dormir, manter-se vestido. Então fiquei na cama enchendo a cara. Quando você bebia, o mundo continuava lá fora, mas por um momento era como se ele não o trouxesse preso pela garganta."

CARTAS NA RUA:
"Em Cartas na Rua - primeira novela publicada de Charles Bukowski - um beberrão simpático, cheio de ceticismo, nostalgia e humor passeia pela monotonia burocrática dos correios e nos mostra a América com a visão de um anti-guru."

NOTAS DE UM VELHO SAFADO:
"Em Notas de um velho safado, a América tem uma cara de 50 anos, corpo de 18 e desfila de calcinha rosa claro e salto alto na madrugada corrosiva de Los Angeles. A América é um sapatão furioso com uma garra metálica no lugar da mão esquerda e não quer saber de transar com o Velho Safado. A América é uma deusa milionária com a qual ele se casa e da qual amargamente se separa. A América é uma prostituta, 150 quilos, um metro e meio de altura, que peida, uiva e destroça a cama quando goza. A América é também estudantes e revolucionários proferindo discursos inflamados em parques ensolarados de São Francisco no final da década de 60. A América é Neal Cassady dirigindo alucinadamente pelas ruas de Los Angeles, pouco tempo antes de morrer de overdose sobre os trilhos de uma ferrovia mexicana. A América é Jack Kerouac e Bukowski poetando na Veneza californiana."

"Alguns homens anseiam pela revolução, mas quando você se revolta e constitui seu novo governo você descobre que o seu novo governo é ainda o velho papai de sempre, tendo colocado apenas uma nova máscara de papelão."

DELÍRIOS COTIDIANOS:
"Com um tom marcadamente autobiográfico, Dois bêbados , Kid Foguete no matadouro , Os assassinos , A puta de 135 quilos , Mamãe bunduda , Henry Beckett , N. York, 95 cents ao dia e Um trabalho em New Orleans são histórias cruas, que falam de sexo, desemprego e bebedeiras, ao melhor estilo do autor de Misto-quente. Esses oito contos ilustrados foram publicados na década de 1980 em dois volumes na Coleção Quadrinhos L&PM e agora retornam às livrarias para o deleite dos fãs de Bukowski e de HQs." 

NUMA FRIA:
"Numa fria é Bukowski puro: uma preciosa coletânea de contos, gênero ao qual ele se dedicou mais intensamente."

"Estou feliz por ser um idiota. Estou feliz por não saber nada. Estou feliz por não ter sido assassinado. Quando olho para as minhas mãos e elas ainda estão nos pulsos, penso comigo mesmo: sou um cara de sorte."

A MULHER MAIS LINDA DA CIDADE:
"Uma coletânea de sete contos originalmente publicados em "Crônicas de um Amor Louco" e "Fabulário Geral do Delírio Cotidiano". O poeta dos becos imundos, dos perdedores e dos excluídos. O estranho lirismo das sarjetas, chocando e comovendo. Um realismo implacável misturado com o delírio dos bêbados. Horrível e belo, este é Bukowski, o poeta da loucura." 

"Das 5 irmãs, Cass era a mais moça e a mais bela. E a mais linda mulher da cidade. Mestiça de índia, de corpo flexível, estranho, sinuoso que nem cobra e fogoso como os olhos: fogaréu vivo ambulante. Os cabelos pretos, longos e sedosos, ondulavam ao andar. Sempre muito animada ou então deprimida, com Cass não havia esse negócio de meio termo. Segundo alguns, era louca. Opinião de apáticos. Para os homens, parecia apenas uma máquina de fazer sexo e não se importavam se ela era maluca ou não. Passava a vida a dançar, a namorar e beijar. Mas, salvo raras exceções, na hora agá sempre encontrava forma de sumir e deixar todo mundo na mão." 

Essas são algumas obras do velho safado, que são bastante conhecidas e admiradas pelo público. Há várias citações disponíveis na internet, caso alguém não queira, por agora, ler algum de seus livros. No Facebook temos páginas como: H. Charles Bukowski - BRASIL, Charles Bukowski Brasil, Diário de um Velho Safado e Velho Bukowski. Queria saber se alguém já leu algum de seus livros e que, se possível, compartilhasse o que achou do mesmo.

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